segunda-feira, 17 de setembro de 2012

63ª Coluna do Presidente



Alô amigos da taubinha, aproveitando a depressão sazonal que se abate sobre mim neste chuvoso final de semana na zona sul do Estado do RS, resolvi escrever reflexivamente.

Passada uma semana do Campeonato Brasileiro de Cavados em Cascavel/PR, após observar atentamente os acontecimentos “extra campo”, amplamente divulgados nos blogs e até mesmo nas redes sociais, resolvi externar alguns posicionamentos. Primeiramente, fiquei absolutamente compadecido com o Michel. O rapaz parecia que havia perdido alguém muito próximo de sua família, estava absolutamente desconsolado, notava-se um semblante pesado e entristecido. Isto causou-me perplexidade, pois o Michel havia errado um lance no final da partida que havia dado a vitória para a AFM de Caxias. Ora, essa é uma situação normal de quem disputa, o acerto e o erro são da essência da atividade competitiva, onde a decisão deve ser tomada em ínfimos quinze segundos. Mas até aí tudo bem, quem não ficaria chateado, mas extrapolar o limite do razoável, até mesmo pedindo perdão através de redes sociais, como que se estivesse espiando uma culpa, não acho que seja a abordagem mais adequada a saudável para o caso em questão. Sou praticante do futebol de mesa, na regra brasileira, modalidade um toque há pelo menos vinte e cinco anos. Neste tempo todo, posso dizer que já vi quase tudo. Dentro da minha subjetividade, muitas das coisas que vi, até hoje tenho dificuldade de entender. Talvez o meu pensamento seja ingênuo, mas eu encaro o futebol de mesa ou jogo de botão, como uma maneira de me subtrair da realidade do dia-a-dia, das obrigações profissionais e familiares, dos deveres que a vida contemporânea nos impõe. O simples fato de jogar uma partida por si só já é uma coisa bastante aprazível, daí porque sempre entendi que o adversário deve ser nosso amigo, ou pelo menos mantermos uma relação de camaradagem, não devemos nos divertir com quem possuímos algum tipo de reserva, pois qualquer situação pode ser um gatilho para a desavença. Eu falo em diversão porque futebol de mesa para mim é essencialmente diversão, prazer, regozijo, gozação, isso não é sinônimo de bagunça nem de falta de organização. O futebol de mesa felizmente teve o reconhecimento que merece e foi guindado à condição de esporte, mas o seu encantamento decorre de seu absoluto amadorismo e do denodo de seus praticantes em não deixá-lo morrer mesmo diante de tantas inovações tecnológicas que cada vez mais nos alienam dentro de casa. Diante disso, eu nunca consegui conceber que pessoas ficassem de mal por causa do botão, ou fomentassem rivalidades sem propósito. Grandes adversários devem nutrir grande respeito mútuo, pois são referências para todos os demais praticantes, em todos os sentidos, por isso, estabelecer uma rivalidade com outro competidor recomenda grande responsabilidade. Disso decorrem intercorrências, como vibrações despropositadas que não refletem a alegria espontânea de uma grande jogada, ou de um gol bonito, mas sim a vontade de desfazer e de humilhar o adversário. Infelizmente, como já referi, meu pensamento é ingênuo e as pessoas não vão se sentir felizes pelo simples prazer de jogar, pois a vaidade humana acaba falando mais alto e, vencer, nem que seja subindo por uma escada de cadáveres, como mencionou certa vez Nicolau Maquiavel, acaba sendo o que mais nos apraz. Não estou dirigindo esta reflexão para ninguém diretamente, mas para todos, inclusive para mim mesmo, pois não estou acima do bem e do mal e, ás vezes, também já quis superar outros competidores a qualquer custo, mas esta reflexão se impõe. Não posso acabar sem cumprimentar o J. Cláudio pela brilhante campanha e pelo vice-campeonato, até o momento me encontro chupando como ele recomendou, em que pese o objeto sugado apresentar deletéria flacidez, provocando coceira e irritação nas amídalas, o que acarreta uma tosse contínua. Peço escusas aos fiéis leitores, mas essa era uma reflexão que há muito eu queria fazer, vamos continuar jogando nosso botãozinho, nossos torneios, vamos comer muitos churrascos juntos, tomar geladas e chimarrões mas, acima de tudo, vamos fazer do futebol de mesa um espaço de pertencimento e de inclusão social e, como já escreveu o Guilherme Arantes, eternizado pela voz de Elis Regina: nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas, aprendendo a jogar...

Boa semana a todos!!! 



2 comentários:

  1. Grande presidente Mário,
    Sua coluna reflete o pensamento de todos os botonistas que desejam ver o crescimento desse esporte que deve reunir amigos e não desafetos. Eu comungo de suas palavras e sei que elas estão de acordo com todos os botonistas que desejam um ambiente de paz e de amizade nesses encontros que acontecem sempre.
    Parabéns e aceite um grande abraço desse leitor constante de sua coluna.

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  2. Fala Presidente....

    Perfeito comentário...Faz jus a velha frase do Milton Neves e sendo adaptada para nosso esporte: "O futebol de mesa é a coisa mais importante das menos importantes nas nossas vidas."

    A rivalidade deve ser sadia e deve ficar apenas restrita ao quadrilátero de madeira.

    Abraço. Marcelo Caju - Franzen F.M

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